Professora da UFMS é premiada por soluções tecnológicas e sustentáveis no campo
A professora do Câmpus de Chapadão do Sul Larissa Pereira Ribeiro Teodoro foi reconhecida por sua contribuição para a ciência no 68º Prêmio Fundação Bunge, na categoria Juventude, para pesquisadores de até 35 anos. A vice-reitora Camila Ítavo acompanhou a premiação, considerada um dos mais importantes reconhecimentos de mérito científico, literário e artístico do país.
Além da professora da UFMS, outros três pesquisadores foram reconhecidos com o prêmio. O grupo é responsável por trabalhos que impactam diretamente na alimentação, na saúde e no meio ambiente da população brasileira e que reforçam o papel da pesquisa para atender as demandas do campo.
Um dos temas desta edição do Prêmio Fundação Bunge foi o desenvolvimento e o uso de tecnologias e conectividade acessíveis para a sustentabilidade no campo, área na qual a professora Larissa se destaca. A pesquisadora é reconhecida por seu trabalho de desenvolvimento de metodologias e ferramentas que facilitam avaliações de sistemas de cultivo mais produtivos e sustentáveis, o que promove maior eficiência na identificação de plantas com maior resistência e adaptabilidade.
Para a professora, o reconhecimento do trabalho é de suma importância, em especial para pesquisadores de instituições públicas. “Nós temos desafios para conseguir conduzir pesquisas de ponta no país, como a dificuldade de captação de recursos financeiros, ou a falta de conhecimento sobre a importância e aplicação das nossas pesquisas no próprio bem-estar e dia a dia da população. Com o reconhecimento, nós ficamos ainda mais motivados, inspirados a trabalhar mais, a fazer mais em prol da agricultura e da sociedade”.
Ainda de acordo com Larissa, a UFMS tem papel fundamental na conquista pelo apoio oferecido aos seus pesquisadores. “É uma Universidade que dá grande amparo, não só ao ensino de qualidade, mas também à pesquisa e à inovação. Nos últimos anos, lançou diversos editais de fomento à pesquisa, essenciais para eu poder conseguir desenvolver minhas pesquisas. Essa premiação reforça que estamos fazendo pesquisas de ponta e inovadoras, e isso se deve muito aos esforços de todos os gestores da nossa Universidade. Eu só tenho a agradecer ao reitor Marcelo Turine, a nossa vice e futura reitora, a professora Camila Ítavo, e também à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, na figura da professora Maria Ligia Macedo, e falar que eu tenho muito orgulho de fazer parte de uma Instituição que valoriza os seus pesquisadores”, complementa.
Atualmente, a pesquisadora desenvolve uma linha de pesquisa voltada para o melhoramento genético de plantas como a soja e o milho. Seu trabalho tem como foco a fenotipagem de alto rendimento, que é o uso de técnicas, sensores e análise de dados, por meio inteligência computacional, para melhorar a eficiência da identificação de plantas mais produtivas e tolerantes.
“Buscamos identificar plantas mais resistentes a estresses ambientais, como maiores temperaturas, que utilizem melhor os recursos hídricos, que demandam uma menor quantidade de nutrientes, por exemplo. E também identificar sistemas de cultivos que contribuam com o melhor balanço de carbono, que proporcionam maior estoque de carbono no solo ou que contribuem para uma maior diversidade microbiológica do solo, fatores muito importantes para sabermos se um determinado cultivo é capaz de absorver mais carbono da atmosfera”, explica.
Um dos destaques das pesquisas desenvolvidas pela professora é a utilização de tecnologias e ferramentas de programação em pesquisas na área de agricultura. “Isso contribui para avaliações mais rápidas, acuradas, com menor mão de obra e maior sustentabilidade. Por exemplo, para monitorar o estado nutricional de plantas, normalmente há o uso de laboratórios e de reagentes químicos que são descartados no meio ambiente. Mas conseguimos ter essa informação utilizando imagens por sensores acoplados em drones ou até mesmo captadas por satélites. Essas imagens são processadas por inteligência computacional, para termos uma maior acurácia dessa associação entre características das plantas e imagens”.
“Com isso, nós reduzimos as necessidades de análises laboratoriais ao utilizar uma informação que está vindo por imagem processada por inteligência computacional. Utilizando essa abordagem, nós demandamos menos reagentes, menor mão de obra e, portanto, eu tenho uma análise mais eficiente e mais sustentável”, completa.
A pesquisadora destaca que é fundamental a busca por inovação na ciência, em especial levando em consideração os obstáculos contemporâneos. “Nós enfrentamos grandes desafios, como a necessidade do aumento da produção de alimentos com o crescimento da população mundial, e também as mudanças climáticas que dificultam a produção de alimentos, com a elevação média da temperatura e mudanças no regime hídrico. A grande questão é como produzir mais alimentos sem trazer impactos ao meio ambiente, superando as mudanças climáticas que afetam o bem-estar da população e causam desafios na produção de alimentos”.
“O uso de técnicas inovadoras como sensores multi, hiperespectrais e técnicas de inteligência computacional vêm de encontro a atender essa demanda, visando resolver problemas tanto das instituições de pesquisa, como também do produtor rural e da sociedade como um todo. Uma vez que conseguimos trazer soluções para problemas de agricultura que melhorem a demanda de alimentos sem trazer impactos ao meio ambiente, toda a sociedade ganha”, finaliza.
Prêmio Fundação Bunge
O Prêmio Fundação Bunge tem como premissa que as indicações dos nomes dos cientistas sejam feitas por representantes das principais universidades e entidades científicas do país. Os currículos recebidos são avaliados por comissões técnicas independentes formadas por especialistas.
Mais de 200 personalidades brasileiras já foram agraciadas com o Prêmio Fundação Bunge. Entre eles estão Mariangela Hungria, Adalberto Luis Val, Silvio Crestana, Niro Higuchi, Erico Veríssimo, Hilda Hilst, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Oscar Niemeyer, Carlos Chagas Filho, Gilberto Freyre, Paulo Freire, Celso Lafer e Fernando Abrucio.
Texto: Alíria Aristides, com informações da Fundação Bunge
Fotos: Acervo pessoal pesquisadora e Comunicação Fundação Bunge